Ludopatia

Quando falamos em jogos, tendencialmente associamos a crianças e adolescentes. No entanto, com a evolução da tecnologia e a existência de cada vez maior diversidade dentro da temática, tem sido cada vez mais atrativo também para os adultos. O tempo que crianças e adultos passam a jogar é cada vez superior, muitas vezes ficando alienados da realidade circundante e colocando barreiras invisíveis ao contacto social (físico), à produtividade escolar ou profissional e inclusivamente à própria saúde física e psicológica.

Esta realidade foi sofrendo alterações ao longo do tempo, quer pelo evoluir da tecnologia, quer pelo surgimento da pandemia do covid, quer ainda pela evolução das preferências dos utilizadores. Assim, os jogos físicos (raspadinhas, casinos) foram maioritariamente substituídos pelos jogos online. A virtualidade dos jogos permite uma maior e mais fácil acessibilidade, favorecendo a utilização descontrolada. Desta forma, e apesar de aparentemente pouco problemáticos, os jogos (virtuais ou físicos) podem ser muito disfuncionais e desestabilizadores.

 Com frequência, os utilizados têm uma perceção errada do controlo sobre o uso, considerando que podem deixar de jogar quando pretenderem. No entanto, tal não se tem verificado, sentindo-se presos e sufocados por este comportamento cíclico. Para além disso, esta utilização desenfreada tem-se verificado fazer aumentar a ansiedade e o stress, os problemas financeiros (muitos destes jogos envolvem dinheiro), dificuldades familiares e sociais (maior tendência para o isolamento) e também psicoafectivas (maior tendência para comportamentos agressivos). Estas dificuldades podem ser transversais à idade.

Apesar de, muitas vezes, ser socialmente aceite (pela quantidade de utilizadores e pela publicidade cada vez mais significativa e notória), a magnitude das consequências torna a intervenção fundamental. Esta, para além de intervir ao nível dos sintomas e diretamente na problemática em si, deve também procurar a causa basilar do problema, procurando respostas internas. Ou seja, o que leva determinada pessoa a jogar desenfreadamente? O jogo pode ser uma importante atividade recreativa, mas nunca limitadora. Devemos ser capazes de impor barreiras ao nosso próprio comportamento. Devemos ser capazes de controlar o jogo, impedindo que ele nos controle.

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