Apego Reativo

Já ouvir falar da perturbação do apego reativo? Sabe do que se trata?

Não é uma perturbação muito conhecida ou falada entre a sociedade, como é o caso da depressão ou das perturbações de ansiedade. No entanto, existe, e é clinicamente identificável, enquadrando-se nas Perturbações Relacionadas a Trauma e Stressores. A sua prevalência é relativamente baixa e tende a afetar crianças e adolescentes, afetando cerca de 1% desta população. Contudo, existem poucos estudos que abordem a prevalência da perturbação para além desta faixa etária. Caracteriza-se pela existência de um contexto em que as necessidades básicas das crianças/adolescentes não são suprimidas e onde o estabelecimento de um vínculo seguro com os cuidadores é problemático e, por vezes, inexistente. Desta forma, alguns dos fatores de risco são:

– Separação prolongada dos pais ou outros cuidadores;

– Negligência e desconsideração pelas necessidades básicas físicas e emocionais das crianças;

– Habitação prolongada em lares de acolhimento ou residencial;

– Vivência de traumas (no próprio ou em pessoas próximas);

– Troca constante de cuidadores.

Estas crianças e adolescentes evidenciam comportamentos como isolamento, medo, tristeza, ansiedade e/ou irritabilidade, que tendem a surgir sem motivo aparente. Para além disso, são tendencialmente crianças tristes, apáticas, com falta de empatia e pobreza afetiva no geral e com pouca vontade de brincar. Mostram também pouca interação com adultos ao redor, incluindo os seus cuidadores principais. Esta quase inexistência de interação social, faz com que tenham pouca capacidade de solicitar apoio quando necessário e de responder positivamente quando é oferecida ajuda. É ainda importante referir que, em alguns destes casos, as crianças são excessivamente amigáveis com pessoas estranhas (que não pertençam à sua rede de apoio) como forma de obter afeto, mas tal acontece de forma insegura e disfuncional.

É fundamental que se faça um diagnóstico o mais precocemente possível, por um psicólogo ou psiquiatra, uma vez que a intervenção é crucial. Esta deverá focar-se em fortalecer os laços familiares e/ou sociais, que visem a construção de relações seguras e de confiança para a criança/adolescente. Desta forma, é importante envolver todos os cuidadores da criança/adolescente no tratamento, incluindo cuidadores institucionais e famílias.

Para concluir, é importante referir que a forma mais eficaz de prevenir esta perturbação é garantir que as crianças formem vínculos seguros com os seus cuidadores, mesmo que inseridas em contextos institucionais.

Crianças seguras são crianças felizes!

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