
Atualmente os dispositivos eletrónicos fazem parte da rotina das crianças e dos adolescentes. Como saber se o tempo de utilização destas ferramentas é saudável ou se representa um comportamento aditivo?
Quando se fala em adições, é comum pensar automaticamente em drogas e álcool. No entanto, o drama atual da sociedade e, em concreto, dos pais e/ou educadores, são os dispositivos eletrónicos como o telemóvel, o tablet, o computador, o vídeo game, entre outros.
Grande parte das crianças e jovens passem uma grande parte do seu tempo focados única e exclusivamente nisso. Quantas vezes tentou falar com o seu filho e ele nem o ouviu ou olhou para si? A atenção está tão direcionada que o mundo exterior parece deixar de existir.
Um comportamento aditivo é um comportamento repetitivo em relação a um objeto, substância ou atividade, que se torna o principal foco de atenção no quotidiano do sujeito, levando muitas vezes à sua autoexclusão social e ao decréscimo de interesse face à escola, trabalho e outras atividades.
Muitos dos pais enfrentam situações como o facto de querer ter uma refeição em família e a criança ou adolescente não largar o telemóvel. Está lá em corpo físico, mas não está lá de facto. Quantos deles não querem sair de casa para ficar a jogar ou a ver vídeos no YouTube, por exemplo? Quantas crianças e adolescentes estão nas aulas, mas sempre não conseguem largar os telemóveis?
Nem todas as crianças que utilizam esses dispositivos apresentam um comportamento aditivo, mas é importante sublinhar casos de adição em crianças e adolescentes são cada vez mais comuns. É importante ressaltar que as crianças e os adolescentes atualmente estão a perder capacidades sociais importantes, uma vez que, atrás de um ecrã nós apenas nos limitamos a escrever e podemos ser quem quisermos ser. Num meio social, seja no presente ou no futuro, já não será assim.
Não devemos esquecer que estamos a falar de crianças e jovens, o que implica também um papel fulcral dos pais no estabelecimento de limites, diálogo e na construção de relações afetivas, o que me leva a reforçar que o trabalho nunca deverá ser feito só de um lado. É importante que os pais se envolvam mais ativamente na vida dos filhos, que sejam presentes, que sejam pais.
A Psicologia pode ajudar na prevenção e no tratamento de comportamentos aditivos em crianças e adoslescentes, por meio de psicoterapias integrativas, terapia-cognitivo-comportamental, entre outras abordagens. Os pais devem estar atentos aos sinais e, se for necessário, procurar ajuda profissional especializada para evitar os prejuízos cognitivos, emocionais e sociais causados por esse tipo de adição cada vez mais comum nos dias de hoje.