
Todos nós já tivemos reações impulsivas ao longo da nossa vida, que preferíamos não ter tido porque nos trouxeram consequências negativas. No entanto, isso não significa que exista qualquer desregulação ao nível do controlo de impulsos.
A impulsividade é uma predisposição que o ser humano pode ter para agir de forma rápida, tendo reações não planeadas a estímulos internos ou externos, não considerando os efeitos ou consequências negativas que essa ação possa ter para si ou para os outros. (Moeller Am J Psychiatry 2001).
Mas afinal o que é que acontece ao cérebro nestes casos?
Existe então uma alteração a nível do funcionamento cerebral e a nível dos neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, o glutamato e o GABA.
O nosso cérebro é composto por várias camadas, em que cada uma delas está responsável por diferentes componentes do nosso corpo: seja a visão, a audição, a motricidade, as emoções, entre muitas outras. Uma dessas partes é o córtex pré-frontal, que controla tudo o que está relacionado com funções executivas e tem um papel crucial no controlo das emoções e da personalidade. Alguma lesão nesta área poderá trazer comportamentos impulsivos e antissociais, por exemplo.
Os neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelas nossas células nervosas, que transmitem informação de umas para as outras, podendo dar continuidade a um estímulo ou trazer a reação final do músculo ou órgão. Neste caso em concreto, a dopamina, a serotonina, o glutamato e o GABA são cruciais e ao explicar-lhe as funções de cada um facilmente perceberá isso.
A dopamina controla a estimulação e o controlo motor. Relembre-se que a impulsividade se relaciona com ações não planeadas. A serotonina, por sua vez, é um dos neurotransmissores mais importantes, uma vez que tem várias tarefas relacionadas com o controlo de emoções, sono e apetite. É comum que baixos níveis de serotonina possam acarretar em disfunção no controlo de impulsos e até alguma agressividade impulsiva. Até agora faz sentido?
Por fim, o glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, enquanto o GABA é o neurotransmissor inibitório principal do sistema nervoso. No caso do controlo de impulsos, temos mais glutamato e menos GABA, ou seja, muita excitação do sistema nervoso e pouca inibição.
Uma patologia muito conhecida e atual que se enquadra neste contexto é a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), que se caracteriza por alterações na atenção, impulsividade e grande atividade motora, seja em crianças, adolescentes ou adultos. Neste caso, existe uma alteração essencialmente a nível da dopamina.
Estas alterações estão por trás de muitos comportamentos agressivos como é o caso da piromania, que se caracteriza por um impulso incontrolável para atear fogos sem motivo, ou o caso da perturbação explosiva intermitente, que se caracteriza pela incapacidade de controlar impulsos violentos que são muitas vezes confundidos com problemas de comportamento, agressividade ou “mau feitio” como se costuma dizer.
É importante compreender que apesar das alterações cerebrais, só em casos bem fundamentados e estritamente necessários é que a medicação deve ser aplicada. A Psicologia tem um papel muito importante ao trazer estratégias de mindfulness, relaxamento, terapia cognitiva-comportamental, hipnose, terapias psicodinâmicas, entre outras. Então, é essencialmente feito um trabalho muito grande no que diz respeito à aceitação da pessoa tal como ela é.
“Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolhi ser.”
Carl Jung