
Todos nós já perdemos algo, alguém. Todos, por esse motivo, já passamos por processos de luto. Tendencialmente associamos o processo de luto à morte. No entanto, o luto também pode existir por outros motivos, por outro tipo de perdas.
Em que tipo de acontecimentos se dá o luto?
Podemos afirmar que o processo de luto acontece sempre que há uma perda significativa, em que o objeto desta perda pode ser externo ou interno. Por exemplo, a morte é o corte definitivo da presença física, o que se traduz numa perda física. No entanto, quando há um divórcio (por exemplo), pode haver também um processo de luto, em que se perdeu a idealização de um casamento feliz, em que esse vínculo deixou de existir. Ou seja, todas as experiências negativas, ameaçadoras da vida, de morte ou que levam a grandes mudanças na vida da pessoa, podem levar ao luto.
Quais as características do luto?
Sentimentos negativos, como tristeza, raiva, culpa, medo, saudade são comuns nos processos de luto. Para além disso, com frequência as pessoas relatam dificuldades em dormir, manter a concentração e a motivação diárias, alterações nos padrões alimentares, entre outras consequências negativas. No entanto, estes sentimentos e dificuldades vão sofrendo alterações ao longo do tempo.
Geralmente, estas mudanças que vão surgindo na nossa forma de percecionar a perda seguem um padrão, o que consideramos como sendo as fases do luto. Assim, atualmente defendemos existir cinco estágios do luto: a negação, a raiva, a negociação, a depressão e a aceitação:
– Negação: como forma de proteção interna, a pessoa tende a negar a perda. Esta fase varia bastante em termos de duração, podendo durar horas, dias ou semanas.
– Raiva: após a interiorização da perda, podem surgir sentimentos de raiva, frustração, medo, culpa. A raiva surge, frequentemente, como uma forma de exteriorizar essas emoções negativas.
– Negociação: como forma de tentar aliviar a dor e o sofrimento, a pessoa entra num processo interno de negociação, com ela própria ou com Deus, por exemplo Se eu fizer isto, talvez consiga reverter a situação.
– Depressão: é, geralmente, uma das fases mais intensas, em que a raiva anteriormente manifestada é substituída pela dor e pelo sofrimento, muitas vezes atroz.
– Aceitação: é a última fase, em que a pessoa se permite a reestruturar a vida pós perda, podendo criar novas rotinas e desafios. O sofrimento e a dor não desaparecem, mas é atenuada e não surge de forma tão exteriorizada. Tal como o próprio nome indica, há uma aceitação e uma compreensão da perda.
É muito importante referir que estas fases não são vividas da mesma forma por todas as pessoas, o processo de luto não é linear. Desta forma, cada caso deve ser avaliado isoladamente. Apesar de ser um processo natural decorrente de uma perda, não significa que o apoio psicológico não possa ser fundamental e imprescindível, independentemente da fase em que se encontre.
Se está, ou conhece alguém nesta situação, não hesite.
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