
Tendencialmente ouvimos e também dizemos que temos que ser sempre positivos, independentemente do contexto e da situação. Temos que ver sempre o melhor em tudo, mesmo nas situações com uma enorme carga emocional negativa. Falamos então de positividade tóxica.
Pode parecer algo contraditório, mas esta positividade tóxica é negativa e pode ser altamente desestabilizadora da nossa saúde mental. Em que situações pode então acontecer?
Isto acontece nas situações em que nos forçamos a ter este pensamento, mesmo que não seja real nem genuíno, ou seja, em que somos falsamente positivos. Para além disso, pode acontecer nos contextos em que nos obrigamos a esconder as nossas emoções negativas ou as dos outros, usando máscaras sociais e pessoais.
Esta forma de pensar, fomenta a ideia errada de que sentir emoções negativas é nefasto e prejudicial, pelo que devemos evitar senti-las. Não podemos, nem conseguimos. Ao reprimir essas emoções negativas, estamos a contrariar a nossa essência enquanto seres bio-psico-socio-emocionais. Aceitar e assumir a presenças destas emoções negativas é essencial para o nosso desenvolvimento emocional, sendo transversal a qualquer faixa etária. Ensina-nos a aprender a geri-las, libertando-as.
Neste sentido, devemos evitar pensamentos ou discurso como “Já passou”, “Não fiques triste”, “Não chores”, “Ignora isso”, “Já és uma menina crescida, não devias chorar”, “Já és adulta, não chores em público”.
É importante referir que pensar positivo, focando na procura das coisas positivas, é muito diferente desta realidade, em que se procurar reprimir emoções potencialmente negativas. Ou seja, a positividade é tóxica quando existe em excesso, e quando contraria a nossa tendência natural e adaptativa de sentir emoções positivas, mas também negativas. Devemos reger-nos pela procura da felicidade e bem-estar emocional, no entanto, sentir emoções negativas faz parte do nosso crescimento e da nossa vida.
E está tudo bem.