Desfralde

Quando falamos do processo de desfralde, é muito importante referir que cada criança tem o seu tempo. No entanto, existe uma idade em que é mais habitual e esperado que tal aconteça, geralmente entre os dois e os quatro anos de idade, dependendo sempre do estado de preparação da criança.

Apesar da maioria das crianças conseguir fazê-lo dentro deste período, existem alguns casos em que tal não acontece (cerca de 6% a 15% das crianças), falamos então da possibilidade de enurese e/ou encoprese. A enurese diz respeito à perda involuntária de urina, durante o dia, durante a noite (no sono) ou ambos, pelo que a encoprese refere-se à perda involuntária de fezes. Para que o diagnóstico seja efetuado, tais sintomas devem ocorrer nas seguintes condições e de forma consistente:

– Acontece pelo menos duas vezes por semana;

– Acontece há, pelo menos, três meses consecutivos;

– A criança tem mais de cinco anos;

– Não se deve a uma condição física ou a outra condição.

O último ponto é fundamental e deve ser alvo de uma minuciosa avaliação, uma vez que é o que nos permite distinguir entre enurese e incontinência. Desta forma, e antes de iniciar a intervenção psicológica, é necessária uma avaliação física por parte de um médico, com o objetivo de despistar a existência de eventuais causas físicas

A enurese/encoprese pode dever-se a vários fatores, como:

Imaturidade do sistema nervoso anatómico (a bexiga mais pequena, por exemplo);

Fisiológicos (ter naturalmente maior produção de urina ou fezes ou o sono mais profundo);

Genéticos (ter familiares com enurese parece aumentar a probabilidade);

Psicológicos.

No que concerne ao tratamento, a intervenção psicológica deve dividir-se em dois eixos, dependendo do diagnóstico principal:

– Caso a problemática da enurese/encoprese seja o único ou o principal diagnóstico, a intervenção deve trabalhar diretamente no controlo do esfíncter e nos contextos associados

– Caso seja um diagnóstico secundário ou provocado por outra perturbação/condição psicológica, deve iniciar-se a intervenção pelo diagnóstico principal, uma vez que estará a provocar a enurese/encoprese indiretamente (por exemplo, quadros de ansiedade ou mudanças drásticas no quotidiano, como o nascimento de irmãos ou a perda de algum familiar).

Apesar do referido no segundo ponto, é importante mencionar que em alguns casos, e dependendo das consequências psicológicas e sociais no dia-a-dia da criança e respetiva família, pode ser fundamental abordar inicialmente ou simultaneamente as duas problemáticas. Muitas vezes, as consequências negativas acabam por ter um impacto mais nefasto que propriamente o diagnóstico principal, pelo que pode contribuir para a sua manutenção. Desta forma, cada caso é único e deve ser abordado como tal.

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