“O Ego é o motor da repetição dos Ciclos Sistémicos”. Moura Mendes

O ser humano não nasce como uma folha em branco pronta a ser preenchida, pelo contrário, traz consigo heranças transgeracionais.

As experiências traumáticas que os nossos antepassados viveram deixam marcas moleculares na nossa estrutura genética, no nosso ADN. Desta forma, podemos considerar que estas mesmas experiências ficam inscritas no nosso código genético fazendo parte do nosso legado familiar.

EPIGENÉTICA, “o que está acima (EPI) da genética”, é um nome criado por Conrad Waddington, para demonstrar que as experiências de vida de um ser humano, sejam elas quais forem, desde traumas e vivências, ficam impressas no código da vida. Esta “matriz” vai aceitando e assentando as memórias de vida de toda uma geração. Partindo do raciocínio da Teoria do HOLOGRAMA, que defende que a parte tem a informação do TODO, podemos considerar que todo o sujeito tem em si a informação de todo o seu sistema familiar.

Dentro da mesma linha de pensamento, Rupert Sheldreak, através do estudo dos campos mórficos, demonstra que tudo que existe cria um campo de memória e todos os que existem recebem esta informação para ser reproduzida de um modo espontâneo. Desta forma, os seres humanos, as plantas, os animais, vivem a sua evolução graças à memória que vivem a cada momento. Sem estes campos qualquer ser vivo, teria de viver na sua própria vida a origem da vida.

As famílias são imensos campos morfogenéticos. O DNA transmite-nos a forma de como viver e agir. O ser humano toma isto no instante da conceção. Assim, várias experiências traumáticas geradoras de traumas psíquicos, experimentadas nas gerações dos pais ou dos avós, continuam a pesar e ter efeitos sobre os filhos e os netos.

O princípio da psicotraumatologia sistémica multigeracional declara que a psique humana é um fenómeno multigeracional. Os problemas físicos e psíquicos que o individuo desenvolve são, na sua maioria das vezes, efeitos de enredos nas suas relações de vinculação, através de três a quatro gerações. Em consequência, os sintomas de “doença” similarmente só podem ser compreendidos e resolvidos através da reflexão sobre essa rede de relações.

Com isto, a doença surge apenas quando nos recusamos a lidar com conflitos, quando excluímos algo, uma vez que, é o efeito da nossa rejeição pela vida e em simultâneo uma proposta de solução tanto para o nosso sistema familiar como no nosso sistema físico corporal.

As constelações trazem a luz as dinámicas cegas que instigam doenças, os conflitos bloqueados são rejeições à vida como ela é. Segundo Bert Hellinger, a pessoa indicada pelo sistema para apontar o que está desequilibrado enfrentará, pois, conflitos que não consegue resolver e que se somatizarão em uma doença.

A doença é um movimento do espírito para curar a consciência familiar levando o indivíduo a reconciliação com aqueles excluídos do seu clã. (Hellinger)

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